O tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial

O tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial

 

A hipertensão arterial é uma das principais causas de morte cardiovascular em todo o mundo, contribuindo para o desenvolvimento do infarto agudo do miocárdio, do acidente vascular cerebral, da insuficiência renal e do aneurisma da aorta, por exemplo.

Sua prevalência é muito elevada nas populações acima de 60 anos, porém vem aumentando consideravelmente na população mais jovem nas últimas décadas. O estilo de vida é, sem dúvida, responsável por essa tendência.

Logo, a mudança do estilo de vida (MEV) é tida como medida de prevenção e ao mesmo tempo de tratamento da hipertensão arterial.

O tratamento possui dois pilares: a MEV e o tratamento medicamentoso. Vamos tratar, somente, do primeiro.

A realidade imediatista da sociedade atual nos leva a estilos deletérios da nossa saúde. A ansiedade, correria, poucas horas de sono e de lazer, hábitos alimentares e abuso de álcool e vícios em cigarros ou drogas são alguns dos pontos que devem ser explorados.

Há décadas que a ansiedade é motivo frequente de visitas aos médicos de diversas especialidades, a despeito da origem exata do problema. É comum um paciente ir ao cardiologista com queixa de dor no peito; ao neurologista por insônia; ao endocrinologista por obesidade e ao gastroenterologista por diarreia inexplicável. E em grande parte das vezes, a origem está no transtorno de ansiedade e seus diversos graus de acometimento. A facilidade de acesso à informação, o imediatismo nas decisões e nas tarefas e a crescente competitividade no mercado de trabalho contribuem de forma significativa para a origem, gatilhos ou agravamento da ansiedade. E com ela, surge a pressão alta! O tratamento da ansiedade é fundamental na prevenção e controle da hipertensão. Medidas farmacológicas, terapêuticas e alternativas devem ser estimuladas para essa população. A identificação da doença e a aceitação do diagnóstico vão levar o paciente ao seu tratamento e colaborar para o seu sucesso.

O tempo é curto. Nossas atividades requerem cada vez mais nosso tempo e dedicação; ademais, para cumprirmos grande parte dessas metas, utilizamos ferramentas mais práticas, tecnológicas. E isso nos leva a um ciclo vicioso de sedentarismo e inatividade. Conseguimos trabalhar de casa, atrás de uma tela, nem a necessidade de deslocamento, mesmo que de carro, passa a ser necessária. E assim, nossa carga de trabalho aumenta e, pasmem, nosso tempo diminui. As atividades laborativas deixam de ser ativas e se tornam cada dia mais sedentárias. E vem o sobrepeso, a obesidade e... a pressão alta!

Realizar atividades físicas colabora para a perda gradual do peso e redução de substâncias deletérias ao organismo que vão, em última análise, contribuir para a gênese de várias doenças.

Atrelados à ansiedade e atividade sedentária, estão os hábitos alimentares. Ora, não precisamos mais caçar, colher. Não há tempo! Os alimentos precisam estar à disposição. E de preferência, saborosos em excesso de gordura! Assim, o uso exagerado dos fast foods e da comida industrializada participam desse ciclo de causa e efeito na hipertensão arterial.

E para controlar internamente esse mal, advêm alguns vícios: álcool e cigarro.

O abuso do álcool está diretamente associado à origem da pressão alta, assim como seu descontrole e causa de descompensações agudas. O cigarro é capaz de acelerar a doença aterosclerótica, é como se acelerasse nosso relógio biológico.

O tratamento da pressão alta passa por todos esses desafios: controle da ansiedade; atividade física, controle do peso, abstinência do cigarro e uso moderado do álcool. É a parte mais difícil do tratamento e ela está reservada para o indivíduo que mais se beneficia dela: o próprio paciente.

Texto escrito por:
Dr. Heder Leite
Cardiologista
Rio de Janeiro / RJ

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