Desafios da Pandemia COVID-19 para a Cirurgia Torácica

Desafios da Pandemia COVID-19 para a Cirurgia Torácica
Desafios da Pandemia COVID-19 para a Cirurgia Torácica

Em 13 de março de 2020 foi decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a Pandemia de SARS-COVID-19, devido à rápida propagação de um tipo de coronavirus que inicialmente provocou uma epidemia na província de Wuham (China) e rapidamente se espalhou para diversas regiões do planeta. Houve grande impacto inicial em sistemas de saúde de regiões de países como Itália e Espanha, e logo em sequência, Estados Unidos e Brasil, entre outros. Devido ao iminente colapso sanitário, possível não apenas pela crescente ocupação de leitos hospitalares, mas também pelo intenso consumo de medicamentos, equipamentos de proteção individual e de suporte de vida, houve necessidade de promoção de medidas de isolamento social, como medida de contenção da propagação da epidemia. Nossa geração foi colocada à prova por uma situação até então inimaginável para a maioria de nós.

O Brasil, um país de dimensões continentais, foi impactado inicialmente em seus maiores centros urbanos. Com a cidade do Rio de Janeiro atingida de forma impactante pela Pandemia levando a uma sobrecarga dos sistemas de saúde publico e privado que, perigosamente, impediu que outras doenças fossem adequadamente diagnosticadas e tratadas, inclusive pela necessidade de interrupção de realização de cirurgias eletivas, o que, segundo estimativas do Ministério da Saúde, faria com que 50.000 casos novos de câncer deixassem de ser diagnosticados inicialmente no Brasil.

Diante da situação, diversas sociedades médicas ao redor do mundo se organizaram com a intenção de desenvolver protocolos que aumentassem a segurança para pacientes e profissionais de saúde envolvidos nos esforços de contenção da progressão da epidemia e no tratamento dos pacientes infectados. Por outro lado, a crescente preocupação com a impossibilidade momentânea de oferecer tratamento cirúrgico aos pacientes oncológicos.

O Colégio Americano de Cirurgiões, em 24 de março de 2020, propôs uma classificação dos hospitais de acordo com o volume de ocupação por pacientes infectados pelo coronavirus, associando ao potencial de comprometimento dos serviços e segurança biológica aos pacientes cirúrgicos. Resumidamente os hospitais poderiam ser classificados em três níveis (fases) diferentes, de acordo com o grau de ocupação de leitos e consumo de insumos:

- Fase I)  Poucos leitos ocupados por pacientes com COVID-19, recursos do hospital não exauridos, disponibilidade de leitos de terapia intensiva e ausência de aumento do número de internações por COVID-19;

- Fase II) Muitos leitos ocupados por pacientes com COVID-19, terapia intensiva com capacidade de leitos limitada, oferta limitada de insumos no centro cirúrgico, ou rápido aumento do número de internações por COVID-19;

- Fase III)  Recursos do hospital todos direcionados para tratamento de pacientes com COVID-19, ausência de disponibilidade de leitos de terapia intensiva e/ou respiradores, recursos de centro cirúrgicos exauridos.

A essa classificação seguiu-se uma recomendação de quando determinadas cirurgias poderiam ser realizadas com menor risco aos pacientes, preparando terreno para o retorno de cirurgias eletivas. A necessária interrupção das mesmas causou grande prejuízo aos pacientes que necessitavam da sua realização, especialmente os pacientes com diagnóstico ou suspeita de câncer de pulmão, devido ao risco exponencial de complicações associadas à infecção por COVID-19 no pós-operatório de cirurgias pulmonares.

A partir de julho de 2020, com a redução dos níveis de ocupação dos hospitais e a adoção de protocolos de segurança, amparados na testagem de equipes médicas e pacientes, houve uma gradual retomada da realização de cirurgias eletivas. Algumas recomendações, como a priorização de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas (cirurgia por vídeo e robótica), redução do tempo total de internação hospitalar e avaliação criteriosa pré-operatória com cuidadosa seleção dos pacientes candidatos a cirurgias, seguem como ferramentas essenciais para o sucesso do tratamento. Nesse novo cenário os pacientes com diagnóstico ou suspeita de câncer de pulmão puderam, enfim, ter novamente a chance de tratamento adequado.

No momento em que escrevo este artigo, novembro de 2020, houve um retorno seguro das atividades cirúrgicas, ainda que em volume inferior ao anteriormente praticado, seguindo os protocolos de testagem das equipes e pacientes e propondo e realizando cirurgias por técnicas minimamente invasivas. Pudemos constatar que não houve impacto aos pacientes operados no que tange ao risco de complicações associadas ao COVID-19 e mantivemos os níveis de   eficácia e precisão preconizadas pelos protocolos adotados.

Texto escrito por:
Dr. Felipe Braga
Cirurgia Torácica
Rio de Janeiro / RJ

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Algumas avaliações do profissional

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11/03/2021
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