A luta contra a depressão e contra o preconceito.

A luta contra a depressão e contra o preconceito.
A luta contra a depressão e contra o preconceito.

Todo mundo fica chateado quando coisas ruins acontecem, é uma reação absolutamente esperada. Os pacientes, assim como qualquer outra pessoa, costumam, sim, se sentirem tristes; entretanto, vivenciam, frequentemente, uma melancolia diferente do normal. Dessa forma, o importante é conseguirmos entender que a depressão não é a mesma coisa que tristeza. Muitas vezes, a tristeza nem é o primeiro sintoma, em alguns casos, as primeiras manifestações da doença iniciam-se com fadiga, apatia, choro fácil, sentimento de culpa, evitação social, irritabilidade, perda do apetite, perda da libido, pensamentos negativistas, sonolência, ou insônia etc.

Nesse caminho pedregoso de se chegar ao profissional e se tratar, ainda é preciso vencer a imensa barreira do preconceito. É muito comum os pacientes serem os primeiros a agir com preconceito em relação à doença. Muitos deles demoram a aceitar o que sentem e atribuem a outros médicos a responsabilidade de achar, em seu coração, pulmão etc, a justificativa plausível para tanta tristeza e "dor na alma”; antes de procurar o médico psiquiatra. Passada a turbulência inicial da procura de outros profissionais e, mesmo aceitando a doença, ainda assim se sentem atordoados em meio a uma tempestade de preconceitos: veem-se estigmatizados por familiares, amigos e colegas de trabalho que os julgam, afirmando que estão vivenciando o sintomas da depressão por falta de fé, frescura, falta de força de vontade, dizem que estar triste é coisa de gente mimada ou é por falta do que fazer.

A depressão afeta mais de 120 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que 11 milhões de pessoas já foram diagnosticadas e cerca de 850 mil pessoas morrem por ano, em decorrência da doença. A depressão é um transtorno mental grave  que, de acordo com a OMS (Organização mundial de saúde), até 2020, será a principal doença mais incapacitante em todo o mundo.

O que vemos no dia a dia do consultório é que a depressão precisa ser vista “com outros olhos”, tanto pelo paciente, quanto pela sociedade e pela própria medicina. Os pacientes devem ser acolhidos, incentivados pelos mais próximos a iniciar e a manter o tratamento. E deve ficar claro que a depressão não é o “fim dos tempos”, mas a luta contra o preconceito é eterna.

Texto escrito por:
Dr. Felipe Andrade Aragão
Psiquiatra
Rio de Janeiro / RJ

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